Bento XVI encontra-se com políticos homossexuais na sua próxima visita de Estado à Alemanha
O papa Bento XVI inicia na quinta-feira (22 de Setembro) a sua primeira visita de Estado à Alemanha, com passagens por Berlim, a capital, Erfurt, bastião do catolicismo no leste do país, e Freiburgo, sede da conferência episcopal germânica.
Os pontos altos da visita deverão ser o discurso no parlamento federal, em Berlim, e uma Festa da Eucaristia no Estádio Olímpico da capital alemã, perante 70 mil crentes, no dia da sua chegada.
Em mensagem difundida na televisão pública ARD, no sábado à noite, Bento XVI manifestou a sua satisfação por ter sido convidado a falar no Bundestag, e garantiu que a visita "não será turismo religioso, nem um mero espetáculo".
O líder da igreja católica destacou ainda a importância do seu encontro, na pátria do reformismo luterano, com representantes da igreja protestante, que tem sensivelmente o mesmo número de crentes que a igreja católica na Alemanha, perto de 25 milhões de pessoas.
Esta visita de Bento XVI é considerada a mais difícil de três passagens pelo seu país natal desde que foi eleito papa, em abril de 2005.
Como papa, Bento XVI esteve em Colónia para presidir às jornadas mundiais da juventude católica, no verão do mesmo ano, e em visita privada à sua terra natal, Marktl am Inn, na Baviera, em finais de 2006.
O semanário Der Spiegel dedica a capa desta semana à visita do papa, e é contundente, afirmando que a euforia à volta da eleição de Bento XVI na Alemanha, há seis anos, se transformou entretanto, em desilusão.
“A esperada mudança não teve lugar, os círculos conservadores ganharam mais influência na igreja, que não tem respostas para importantes questões do mundo moderno”, afirma-se no artigo de fundo.
A influente publicação alemã sublinha que, logo após a sua chegada a Berlim, o papa será recebido pelo Presidente da Alemanha, Christian Wulff, que é divorciado.
Encontrar-se-á mais tarde com a chanceler Ângela Merkel, casada em segundas núpcias, com o burgomestre de Berlim, Klaus Wowereit, homossexual assumido, e com o ministro dos negócios estrangeiros Guido Westerwelle, também homossexual.
“Nenhum deles se considera um pecador, todos se consideram representantes de uma sociedade moderna”, acrescenta o Der Spiegel.
As críticas à doutrina sexual da igreja assumirão particular expressão numa manifestação marcada para quinta-feira à tarde, no centro de Berlim, que deverá reunir cerca de 20 mil pessoas, à hora a que Bento XVI estará a discursar no parlamento.
Cerca de 100 deputados dos partidos da oposição anunciaram que não estarão no hemiciclo para ouvir a intervenção de Joseph Ratzinger, preferindo juntar-se aos protestos de rua contra o papa.
Apoiantes de Bento XVI promovem, por sua vez, uma “Marcha pela Vida”, pouco antes, também no centro de Berlim.
A polícia tomou medidas para separar os dois grupos, e para evitar confrontos, a pensar no que sucedeu no mês passado, durante a visita do papa à Espanha.
As outras etapas da viagem de Bento XVI, em Erfurt e em Freiburgo, entre sexta-feira e domingo, deverão ser menos agitadas, e incluem, nomeadamente, uma audiência com o ex-chanceler Helmut Kohl.
Segundo a imprensa alemã, Bento XVI receberá também durante a visita vítimas dos abusos sexuais em instituições católicas alemãs, notícia que, no entanto, o Vaticano se recusou a confirmar.
notícia original: Jornal «i»