'Conselho Sombra' liderado por prelados europeus aborda a aceitação das uniões entre pessoas do mesmo sexo
Um encontro secreto de cinquenta bispos e teólogos na Pontifícia Universidade Gregoriana, gerida por jesuítas, contou com observações finais da responsabilidade do cardeal Reinhard Marx da Alemanha
Ao mesmo tempo que o conselho ordinário do Sínodo dos Bispos se reunia esta semana para discutir o próximo Sínodo sobre a Família, um grupo privado de bispos e peritos reuniram-se, em separado, em Roma para trabalharem sobre os temas mais controversos do Sínodo, particularmente o apoio às uniões entre pessoas do mesmo sexo e à Comunhão para os divorciados e os recasados.
O Papa Francisco presidiu à reunião de 25 e 26 de maio do Conselho Ordinário do Sínodo dos Bispos, que esse encontra a preparar para o Sínodo de outubro a “vocação e missão da família na Igreja e na sociedade contemporânea.”
O conselho, que se reúne no Vaticano, examinou o instrumentum laboris do Sínodo, ou documento de trabalho, que foi produzido pelo Sínodo dos Bispos do ano passado e complementado com as respostas a questões que foram enviadas às dioceses de todo o mundo.
“Um estudo extenso e detalhado do texto deu origem a propostas e contribuições que conduziram à sua melhor integração e melhoria”, reportou o Serviço de Informações do Vaticano, tendo acrescentado que o texto final do documento de trabalho será preparado e traduzido pelo Secretariado Geral dentro das próximas semanas.
O Conselho teve igualmente em conta as modificações ao modus operandi do Sínodo.
O Secretário-Geral do Sínodo, Cardeal Lorenzo Baldisseri, nomeado em setembro de 2013, alterou as regras de funcionamento do Sínodo.
Antes da liderança do cardeal Baldisseri, o Sínodo fornecia sumários em diversas línguas de cada uma das intervenções agendadas dos padres sinodais.
Esse sistema foi abolido pelo Cardeal Baldisseri e substituído por um sumário breve apresentado diariamente pelo responsável de imprensa da Santa Sé, Fr. Federico Lombardi.
Face às críticas de que esta mudança afetava negativamente a transparência do Sínodo, o Cardeal Baldisseri defendeu que “a informação é fornecida através de um sumário oral” e é transparente e que os padres sinodais “não estavam proibidos de falar à imprensa”, embora estivessem proibidos de publicar as suas intervenções, pois “qualquer texto sinodal é propriedade do Sínodo”.
Por outro lado, a impossibilidade de ter acesso a toda a discussão dentro do Sínodo abriu caminho à especulação dos media.
O Sínodo do próximo outono pode apresentar-se com a mesma dinâmica, tanto mais que enquanto decorria o conselho ordinário do Sínodo dos Bispos com o Papa Francisco, um “conselho sombra” teve lugar em separado, respeitante aos assuntos mais problemáticos do Sínodo sobre a Família, que incluem a aprovação das uniões entre pessoas do mesmo sexo e a Comunhão dos divorciados e recasados.
A discussão do passado dia 25 de maio teve lugar num centro de conferências da Pontifícia Universidade Gregoriana, gerida por jesuítas, ainda que o encontro não tenha sido da responsabilidade da universidade. Bispos e teólogos falaram perante uma assistência de 50 bispos, de acordo com o jornal diário francês “Le Figaro”.
A conferência foi denominada “Convenção Mútua dos Bispos Franceses, Alemães e Suíços respeitante aos assuntos referentes ao cuidado pastoral do matrimónio e da família nas vésperas do Sínodo dos Bispos.”
A reunião não foi destinada a todos os bispos dos países interessados, mas somente para alguns de entre eles, enquanto outros nem sequer foram informados da sua realização.
Entre os oradores na reunião encontravam-se o Bispo Jean-Marie Lovey de Sião; o Bispo Jean-Luc Brunin do Le Havre; a teóloga Eva Maria Faber; Anne-Marie Pelletier, que ganhou o Prémio Ratzinger em Teologia, em 2014; Fr. François Xavier Amherdt, professor de teologia pastoral na Universidade de Freiburg; Eberhard Schockenhoff, professor de teologia moral em in Freiburg e o teólogo Alain Thomasset.
As notas finais foram dadas pelo Cardeal Reinhard Marx de Munique e Freising.
Um elemento que tomou parte na discussão sublinhou que o “tom foi o da necessidade de uma abertura pastoral em temas como a comunhão dos divorciados e dos recasados e da atenção pastoral às pessoas homossexuais”.
Tradução: José Leote
Artigo original: Catholic World Report