Mensagem Quaresmal da Assistência Religiosa Nacional do Rumos Novos
Caríssimos irmãos e irmãs:
O tempo quaresmal, no qual o Outro e a Palavra são Dom, segundo o Papa Francisco, convida-nos a ler e meditar a Parábola do Filho Pródigo (Luc.15;11-32).
É uma bela história na qual Jesus nos mostra o tamanho da misericórdia divina diante dos nossos pecados e fraquezas, mostra um Pai muito rico, riquíssimo em perdão, para àqueles/as que o buscam.
Olhemos mais de perto os personagens: o filho mais jovem, o Pai e o filho mais velho.
O filho mais jovem (o pródigo)
O filho mais novo foi ter com o pai e pediu sua parte da herança. A decisão do filho é a de não se importar mais com a vida do seu pai. Mas o pai, mesmo triste e magoado, deu-lhe a parte da herança que lhe cabia e, sem o impedir, ou questionar, deu-lhe a liberdade de escolha. O jovem deixou a família, partiu e gastou tudo, com orgias e desejos materiais, porém o dinheiro acabou e com ele os amigos do momento.
Imaginemos quando ele foi dar comida aos porcos – comida que desejava – mas ninguém lhe dava… tendo chegado ao fundo do poço, abandonado e sem vida reconheceu a escolha errada e com humildade (mesmo que forçada) deixou-se levar até o limite da sobrevivência e pensou em ser simplesmente servo da família (queria ao menos ser como um dos empregados).
O pai rico em misericórdia
A parábola retrata o infinito amor compassivo de Deus, que transforma morte em vida. O Pai nunca baixa os braços, nem retira a sua bênção ou deixa de amar o seu filho. Deixou-o livre para escolher o caminho a seguir. Tudo o que o filho mais jovem fez foi perdoado, pois nunca deixou de ser um filho amado, apesar das suas muitas faltas. Enquanto o arrependido caminha receoso e lentamente, o perdão corre ao seu encontro. É o desejo do Pai, ver todos/as regressar a sua casa. O Pai não o julgou; nem perguntou por onde andou ou o que fez, apenas perdoou. Dá-lhe sandálias e o anel símbolos da dignidade reconquistada e do regresso à família.
O filho mais jovem
O filho mais velho, o que ficou em casa cumprindo com as obrigações domésticas também precisa de conversão. Ele também, no seu íntimo, se afastou do Pai. Às vezes não queremos partilhar da alegria dos outros, temos o coração ressentido e sem interesse em perdoar. Não percebemos que “tudo que é do Pai é também nosso” e que os que ficaram na casa do Pai são da mesma família dos que retornaram, possuindo o mesmo património.
O Pai também deseja o regresso desse filho a quem disse: “estás sempre comigo”. O filho mais velho, mesmo sempre ao lado do Pai, ainda não aprendeu a perdoar como Ele; nem percebeu que “na casa do Pai há muitas moradas”. O seu dilema é aceitar ou rejeitar que o amor do Pai está acima de comparações.
Todos/as nós temos uma história de “filho pródigo para contar”... em vários momentos das nossas vidas nos afastámos do Pai. Neste tempo da Quaresma somos convidados a regressar à Casa do Pai e buscar o seu amor e perdão
Imaginemos a figura do pai observando o portão da casa, aguardando ansiosamente o regresso do/a filho/a, que corre ao seu encontro e que tem pressa…
O Pai que corre na direção de ambos os filhos chama-nos para voltarmos para casa onde todos/as são filhos/as amados/as incondicionalmente. É um Pai que espera o regresso dos/as filhos/as e que Lhe digam que O amam oferecendo um amor sem limites que abrange todo o sentimento de perdão da humanidade e está à disposição dos/as que se voltam para Jesus, “o Caminho, Verdade e Vida".
Boa caminhada quaresmal a todos e todas.
Muito convosco, a vossa
TC