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Associação RUMOS NOVOS - Católicas e Católicos LGBTQ (Portugal)

Somos católic@s LGBTQ que sentiram a necessidade de juntos fazerem comunhão, partilhando o trabalho e as reflexões das Sagradas Escrituras, caminhando em comunidade à descoberta de Deus revelado a tod@s por Jesus Cristo.

25 de Maio, 2019

Carta de um sacerdote ao coletivo LGTBI

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Ainda que no título do artigo tenha colocado coletivo, dirijo-me a vocês como pessoas, com as vossas vidas cheias de amor e sofrimento, são as vossas luzes e sombras. Dirijo-me com todo o carinho e respeito porque sois pessoas sem mais qualificativos e etiquetas.

 

É normal que vos agrupeis como coletivo LGBTI para poderdes defender os vossos direitos e de qualquer ataque originado pelo ódio, pela marginalização, pelo bullying ou pela discriminação. Ireis permitir-me uma pequena brincadeira e é a de que não deveis acrescentar mais letras ao coletivo. Sim, sou sincero, não entendo muito bem o significado do «I» para intersexualidade. Antes era LGBT e agora LGBTI, ou seja, lésbicas, gays, transexuais, bissexuais e intersexuais.

 

Imagino, e é desejável, que desapareçais como coletivo quando a sociedade não etiquete e seja respeitosa na sua dinâmica social quotidiana com as diversas orientações sexuais, desvanecendo-se qualquer estigmatização. Ainda recordo aquele casamento católico, amigos meus, que se manifestava contra os homossexuais até ao dia em que o seu filho lhes confessou a sua homossexualidade, porque se tinha apaixonado por outro homem. O seu conceito mudou, as suas vidas mudaram e a rejeição deu lugar ao amor, ao amor pelo filho.

 

Ainda que devesse ter começado com uma saudação, faço-o agora, e saúdo-os com a convicção de que tendes o direito a serdes felizes e não compreendo como há pessoas e coletivos que continuam a atacar-vos, faltando ao respeito e até considerando-vos uma ameaça ou uma doença que há que curar.

 

Dou graças a Deus pela vossa vida. Que a vida sempre vos sorria e não vos faça mossa. Fiquei encantado com a vossa postura quando o Vox [N. T.: Vox é um partido político de Espanha fundado em dezembro de 2013 por antigos militantes do Partido Popular. Vox tem sido descrito como um partido de direita, populista de direita e direita radical] deu uma conferência em Múrcia e vós declinastes ir até à porta do hotel Nelva para protestardes, porque acreditais na liberdade de expressão, ainda que vos tenhais mostrado dispostos a exercer o vosso direito de denúncia no caso em que fosse produzida alguma expressão de ódio contra o vosso coletivo.

 

É provável que há alguns anos tivesse levado algum tempo para escrever este artigo, mas com o ressurgimento em força da homofobia decidi-me a faze-lo agora, apesar de reconhecer a evidência de que esta rejeição sempre esteve presente na nossa sociedade e ainda mais: há países onde vos continuam a perseguir, a prender, a torturar e a assassinar. Há 72 países membros da ONU que vos criminalizam e em alguns deles vos condenam à pena de morte, como é ocaso do Iraque, do Irão, da Arábia Saudita, da Síria, do Afeganistão, do Iémen, do Paquistão, da Nigéria, do Sudão do Sul, da Somália e da Mauritânia. Sabe-se que na Chechénia sequestram-se homossexuais e são conhecidos centros de detenção não reconhecidos oficialmente pelo governo russo, que está por trás desta prática que viola os direitos humanos.

 

Deu que falar o facto da existência de terapias em algumas dioceses espanhola cujos promotores dizem que vos querem curar, porque pensam que estais doentes, imagino que mentais. Quem mais se destacou foi o Bispo de Alcalá de Henares, Juan Antonio Reig Pla, que tem uma obsessão com a homossexualidade. Parece-me que estas terapias são um disparate; talvez devessemos nós fazer um curso de amor e respeito. É claro que me surpreendeu, pela negativa, as palavras do Papa Francisco quando Jordi Évole lhe perguntou sobre esta questão e ele respondeu que se uma criança mostra coisas raras seria necessário levá-lo a um profissional, a um psicólogo, quando afirmou noutras ocasiões quem era ele para julgar os homossexuais, desejando a vossa felicidade. Não sei a que se deve esta mudança, que não partilho de todo, ainda que este não retire o facto de me ter maravilhado com a primeira parte da entrevista quando falou dos refugiados, dos imigrantes e dos mortos enterrados em valas comuns que tão mal caiu à direita e à extrema-direita autodenominada católica.

 

Em conversas com alguns e algumas de vós admiro a vossa capacidade de compreensão quando sois capazes de dizer que entendeis e respeitais a Igreja Católica no seu conceito do matrimónio como uma união entre um homem e uma mulher e me indicais que vos é indiferente que se chame casamento ou união civil, pois a única coisa que desejais é que o Estado legisle e os ampare e torne a vossa situação coberta pela lei, mas que vos dói quando sentis que sois desprezados pela Igreja Católica, com a qual alguns e algumas de vós vos sentis identificados.

 

Dói-vos quando há bispos que se dirigem a vós como depravados, pervertidos, como doentes, até vos classificaram como uma epidemia, incluindo, como uma pandemia. Já vedes, quando nós temos o gravíssimo problema da pederastia, que nos está afundando, sem esquecer que uma percentagem significativa do clero é homossexual e o certo é que a homossexualidade não implica qualquer impedimento ao sacerdócio.

 

Faço-vos uma pequena confissão: causa-me muita estranheza escutar um sacerdote a falar contra os homossexuais quando ele é homossexual. Pretende desta forma ocultar a sua homossexualidade? Não sei a resposta.

 

Comentastes que, como coletivo, irieis dar conferências em centros educativos para falardes da homossexualidade, de como exprimir-se no caso de sentir-se atraídos por pessoas do mesmo sexo, o comportamento e os «não comportamentos», tudo isto para ajudar e evitar um sofrimento que vós conheceis muito bem. Finalmente essas conferências acabaram por ser suspensas pelo gabinete de educação, no caso, da região de Múrcia. Querem-vos escondidos, não visíveis, que sofrais em silêncio, condenados na sociedade. Não seria melhor estabelecer pontes? Não seria melhor mostrar respeito e carinho?

 

Julgo que no próximo dia 22 de junho tereis um ato, uma manifestação para reivindicar o vosso direito a uma vida digna, contra o ódio e a discriminação, a serdes felizes e não os poderei acompanhar pois estarei fora de Espanha, mas quero mostrar a minha solidariedade convosco e desejar-vos que sejais felizes, muito felizes.

 

Fonte: El Diário

 

24 de Maio, 2019

Tribunal queniano defende lei que criminaliza relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Refugiados LGBT que vivem no Quénia ficam de pé atrás da bandeira arco-íris enquanto protestam no exterior da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) em Nairobi, no dia 17 de maio, contra o seu tratamento por parte das autoridades daquele país.

 

Naquilo que foi considerado como um golpe para o movimento LGBT em África, o Supremo Tribunal queniano decidiu, na passada sexta-feira, que uma lei da era colonial que bania as relações entre pessoas do meso sexo deve permanecer ativa.

 

As relações entre pessoas do mesmo sexo foram banidas desde o tempo em que os ingleses colonizaram o Quénia, em finais do séc. XIX. O código penal do Quénia criminaliza o «conhecimento carnal contra a ordem da natureza». Qualquer pessoa que seja apanhada num relacionamento do mesmo sexo pode enfrentar uma pena que vai até aos 14 anos de prisão.

 

Ao decidir criminalizar as relações entre pessoas do mesmo sexo, o Supremo Tribunal do Quénia afirmou que não existia prova suficiente de discriminação em relação à comunidade LGBT e, por isso, manteve a lei.

 

Os manifestantes a favor da comunidade LGBT tudo têm feito para que a lei deixasse de estar em vigor. Porém, enfrentaram uma longa espera para excluir várias secções do código penal queniano, após vários adiamentos nos tribunais, desde que o caso viu a luz do dia em 2016.

 

Apesar de tudo, a decisão não foi inesperada.

 

Antes da decisão, Waruguru Gaitho, um advogado dos direitos humanos na Comissão Nacional dos Direitos Humanos para Gays e Lésbicas (NGLHRC) tinha afirmado: «Estamos preparados para que seja uma luta prolongada. Estamos conscientes que o tempo do tribunal é muito demorado e temos plena consciência de que este é um tema muito controverso. Permite múltiplos recursos. Portanto, continuaremos a apresentar o nosso caso em prol da igualdade.»

 

Trinta e oito dos cinquenta e cinco países africanos têm publicado leis nas quais é ilegal ser-se gay. Na Somália e no Sudão do Sul essa circunstância é punível com a morte. Na Nigéria, implica uma pena de prisão de 14 anos e 30 na Tanzânia.

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Fonte: ILGA 2019
Gráficos: Henrik Pettersson e Clara Fox, CNN | Adaptação para Português: Rumos Novos - Católicas e Católicos LGBT

 

Apesar de tudo, os ativistas no continente africano estão a registar pequenas vitórias.

 

Em vários países africanos, tais como a Namíbia, o Botswana, o Quénia, o Uganda e os Camarões, os tribunais decidiram positivamente a favor das pessoas LGBT, e mais casos estão para ser apresentados ou estão em processo de recurso.

 

O parlamento angolano adotou um novo código penal a 23 de janeiro deste ano, pela primeira vez desde que se tornou independente de Portugal em 1975. Isso facilitou o caminho para os legisladores retirarem a norma que caracterizava as relações entre pessoas do mesmo sexo como «vícios contra a natureza», de acordo com a Human Rights Watch.

 

181130122051-02-hiv-lgbt-tanzania-2013-file-medium«Ao abandonar esta relíquia insidiosa do passado colonial, Angola afastou a discriminação e abraçou a igualdade», afirmou a agência.

 

O vizinho Moçambique afastou as leis antigay em 2015 e São Tomé e Cabo Verde fizeram o mesmo.

 

No Botswana, pela primeira vez na história do país, um homem transgénero foi legalmente reconhecido como homem.

 

Após uma batalha de 10 anos, o Supremo Tribunal exigiu que o governo alterasse o género no seu cartão de cidadão de mulher para homem.

 

O tribunal afirmou que o Registo Civil Nacional do Botswana tinha violado os direitos humanos básicos do homem em questão. Alguns meses depois, outro marco aconteceu e o Botswana viu o género de uma mulher transgénero legalmente reconhecido.

 

Enquanto o Quénia permanece como uma sociedade amplamente conservadora e religiosa, os seus tribunais têm mostrado alguma independência, particularmente nos últimos anos, no que se refere a assuntos LGBT.

 

140120145333-nigeria-gay-protests-story-body.jpgNo ano passado. um tribunal de recurso em Mombaça decidiu que os exames anais obrigatórios para pessoas que sejam suspeitas de atividade com pessoas do mesmo sexo são inconstitucionais, após a detenção e exames anais forçados a dois homens, em 2015. Esta decisão revogou uma outra de 2016.

 

No final desse ano, um tribunal queniano suspendeu temporariamente a proibição em relação ao filme controverso «Rafiki», que conta a história de um relacionamento romântico lésbico.

 

A proibição tinha sido imposta pela Comissão Queniana de Classificação de Filmes, que afirmou que o filme estava «proibido devido ao seu tema homossexual e à intenção clara de promover o lesbianismo no Quénia, contrário à lei.»

 

Ao permitir que o filme fosse visto aos adultos que o quisessem fazer, o juiz afirmou que o Quénia não é uma sociedade fraca cuja moral iria ficar enfraquecida por ver um filme com temática gay.

 

190516143603-wanuri-kahiu-film-still-medium-plus-1Porém, a sociedade queniana não tem estado igualmente ansiosa para abraçar as relações entre pessoas do mesmo sexo.

 

«A vida no Quénia, enquanto pessoa LGBT é frequentemente vivida no armário e quando saímos dele a realidade é enfrentar a discriminação, violência, marginalização e, algumas vezes, há mesmo incidentes mais graves, como perda da vida», afirmou Gaitho.

 

Phelix Kasanda, ou Mama G como é popularmente conhecido, afirma viver um tormento enquanto homem gay, no Quénia.

 

Kasanda afirma que sofre perseguição da parte de senhorios que o estão constantemente a despejar e que enfrenta discriminação nos cuidados de saúde públicos e mesmo agressões.

 

Kasanda afirma ainda que prefere não procurar ajuda da polícia, pois isso poderia significar a sua prisão, possível perseguição e até 14 anos de prisão.

 

«Se o governo não te protege então toda a gente acabará por se voltar contra ti», afirma Kasanda. «Pois sabem que não há possibilidade de te queixares deles em parte alguma. Eu não posso ir a uma esquadra de polícia para dizer que estou a ser perseguido devido à minha sexualidade.»

 

Numa entrevista concedida a Christiane Amanpour da CNN no ano passado, o Presidente do Quénia Uhuru Kenyatta afirmou que os direitos das pessoas LGBT «não era assunto de grande importância» para os quenianos.

 

«Não se trata de um assunto de direito humanos como querem fazer crer, trata-se de um assunto de sociedade; da nossa própria cultura independentemente da comunidade de onde se vem», afirmou. «Isso não é aceitável, isso não é agradável...»

 

«Não é uma questão do governo aceitar ou não», afirmou ele a Amanpour.

 

A religião é um fator condutor que está por detrás da não aceitação.

 

O reverendo Tom Otieno da Igreja Unida de Lavington tem-se mostrado inflexível para que os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo não sejam aceites no país.

 

«Não estamos prestes a aceitar a homossexualidade e não a aceitaremos mesmo que os tribunais a tentem impor, iremos recorrer dessa decisão», disse.

 

«Esta ideia, este forçar das coisas é certamente estranho a este país. Não nego que convenceram alguns quenianos persuadindo-os de que isto é o que querem. Esses quenianos são livres de pensarem desse modo, mas não têm a liberdade de nos imporem esse pensamento.»

 

Fonte: CNN

 

 

21 de Maio, 2019

Griezmann envia uma mensagem emotiva aos futebolistas homossexuais

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Antoine Griezmann, o polémico jogador do Atlético de Madrid, proferiu um conjunto de declarações para o documentário francês «Futebolista e homossexual: no coração de um tabu» que não irão passar despercebidas. Enviou uma mensagem muito clara e direta a todos os futebolistas que são homossexuais, com um objetivo muito concreto: que se atrevam a revelar abertamente a sua orientação sexual. Recordemos, a propósito, que a maior parte do mundo desportivo não vê com bons olhos a homossexualidade no âmbito do futebol, mais do que em qualquer outra modalidade.

 

«Não deveria incomodar, deveria ser normal. Estaria orgulhoso de que um companheiro o pudesse dizer, torná-lo público. Penso que poderia abrir a porta a outros. Se recebesse críticas, porque sempre as há, isso dar-lhe-ia ânimo para sentir-se orgulhoso, e continuar a ser feliz», comentou o futebolista. O certo é que pouco deram o passo, no âmbito do futebol, de revelar a sua orientação sexual e isso não deveria ser algo com qualquer importância para os futebolistas já que é uma característica mais da sua personalidade e não tem nada que ver com o jogo que essa pessoa faça em campo, ou como seja essa pessoa como profissional.

 

«Cada pessoa tem os seus próprios gostos, quer seja na sua vida amorosa ou nas coisas que ama. Há que tentar ajudar a pessoa que o revela, não criticando nem insultando. Fazer todo o possível para se manter perto dessa pessoa e mostrar-lhe que é normal» foram as palavras que Griezman enviou a todos os futebolistas para que tenham brio em afirmá-lo e normalizar a situação já que, como ele próprio afirmou, trata-se de algo normal que não afetaria - ou não deveria afetar - a sua imagem como profissional do futebol.

 

Trata-se de uma mensagem com a qual o futebolista conseguiu criar empatia com muitos dos seus seguidores, uma vez que podemos ver a face mais humana do avançado do Atlético de Madrid.

 

Fonte: Chance.

18 de Maio, 2019

Católicos e a Comunidade LGBT: Construir uma Ponte em Direção à Compreensão Mútua

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Para alguns e algumas na Igreja Católica, construir uma ponte para ir ao encontro das pessoas onde estas se encontram é a linguagem utilizada para criar uma relação e acolher respeito e uma compreensão mais profunda dos membros da comunidade LGBT.

 

Os jesuítas, com uma reputação dentro da hierarquia católica e para além dela de colocarem o acento tónico na educação e numa busca pela justiça social, têm estado frequentemente na linha da frente do caminhar com os pobres, abraçar os proscritos e por lutarem por aqueles e aquelas cuja dignidade foi violada como forma de alcançarem alguma solução e justiça.

 

«Desde há muito tempo que se reconhece que os jesuítas vão insistentemente até às margens da sociedade, os lugares onde é frequentemente menos confortável a outros irem» afirmou Chris Derby, diretor executivo do Centro Jesuíta de Crescimento Espiritual, da Cidade Velha de Heidelberg, na Alemanha.

 

Referindo-se a um comentário do Papa emérito Bento XVI, Derby afirmou que os jesuítas desempenham frequentemente o papel de exercerem o ministério nas franjas da sociedade onde igreja e cultura se cruzam.

 

Derby referiu ainda ter chegado ao seu conhecimento algum feedback negativo em relação ao programa realizado pelo Centro e que se pode resumir como «indo contra os ensinamentos de Jesus e da igreja.»

 

«Nada daquilo que fazemos vai contra os ensinamentos da igreja», afirmou Derby.

 

Um dos desafios mais recentes para as paróquias católicas é o modo como acolher os paroquianos LGBT bem como as famílias com elementos LGBT.

 

«Porém, esse desafio é igualmente onde abunda a graça, porque católicos e católicas LGBT têm-se sentido excluídos da igreja há tanto tempo que qualquer experiência para os acolher pode constituir uma mudança de vida, um momento de cura que os inspire a regressarem à Missa, trazendo-os de volta à fé e mesmo ajudando-os a voltarem a acreditar em Deus,» disse ele.

 

Derby afirmou ainda que muitos católicos e católicas estão profundamente conscientes das divisões sociais e desafios que surgiram nas últimas décadas com a perceção crescente dos direitos das pessoas LGBT.

 

«Muitas pessoas LGBT tem-se sentido indesejadas e desrespeitadas nas igrejas católica e protestante,» afirmou. «Queremos ser uma experiência que realce o amor e a graça que ajude a sarar e a nos juntarmos numa compreensão mútua».

 

Fonte: Reading Eagle

18 de Maio, 2019

James Martin: «Se os sacerdotes gays não o afirmam em público é por medo devido ao ambiente tóxico em que vivemos.»

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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O jesuíta norte-americano é uma voz controversa. No seio de uma igreja que em muitos locais é homofóbica, como o próprio James Martins reconhece, este sacerdote tem dado a cara pelas pessoas LGBT.

 

O autor de «Construir uma Ponte» converteu-se na voz mais autorizada para falar sobre a pastoral com as pessoas homossexuais. Deste modo acabou-o por reconhecer o próprio Vaticano, que em agosto de 2018 o convidou a ser orador no Encontro Mundial das Famílias em Dublin para expor como integrar estas pessoas nas paróquias. No Dia Mundial contra a Homofobia, falámos com ele.

 

PERGUNTA: Parece que a Igreja é incapaz de lançar uma mensagem positiva no que diz respeito às pessoas homossexuais. Qual é o problema?

 

RESPOSTA: O principal problema é que muito poucos responsáveis da igreja conhecem as pessoas LGBT e por isso é-lhes difícil falar com elas. Se não se conhece uma comunidade, como podes dizer o que quer que seja a essa comunidade? Como resultado, o único assunto no qual a igreja se centrou em relação às pessoas LGBT são aqueles relacionados com a moral sexual. Ainda que esse seja um assunto importante, não pode ser o único assunto. Imagine-se fazer isso com qualquer outro grupo de pessoas.

 

Raras vezes a igreja fala dos muitos outros problemas que enfrentam as pessoas LGBT. Por exemplo, quando foi a última vez que os responsáveis da igreja comentaram que as pessoas LGBT foram agredidas, encarceradas e incluído executadas em alguns países? Ou o aumento do suicídio entre os jovens LGBT em muitos lugares? Ou incidentes relacionados com o bullying a estas pessoas?

 

Há muitos assuntos sobre os quais a igreja poderia falar; e muitos lugares onde poderia defender as pessoas LGBT e incentivar o mundo a tratá-las com «respeito, compaixão e delicadeza», como diz o Catecismo. Contudo, nada disto acontecerá se não conhecemos as pessoas LGBT e, o que é mais importante, se não as escutamos.

 

P.: A igreja é homofóbica?

 

R.: Nalguns lugares é-o, noutros não. Lamentavelmente, alguns bispos, sacerdotes e outros responsáveis católicos tratam as pessoas LGBT com desprezo manifesto ou velado, chamando-as implacavelmente de «pecadores», quando na realidade todos somos pecadores. Porém, a homofobia não se limita aos responsáveis católicos. Os leigos também podem ser homofóbicos.

 

Há uma semanas dirigi um retiro para católico LGBT e suas famílias. Entre as aproximadamente 80 pessoas presentes, encontrava-se uma família que tinha três filhos adolescentes LGBT. Perguntei a um dos filhos, de 14 anos, como tratavam a sua família na paróquia. E fi-lo tendo em conta que agora, ao serem tão jovens, não têm relações sexuais nem estão casados. Portanto, não estão fazendo nada que vá contra o ensinamento da igreja. A resposta? «Já não nos falam».

 

P.: Agora que fala dos leigos, também é verdade que muitos católicos aceitam essas pessoas, mas falam delas com comiseração. Por acaso, as pessoas LGBT são fiéis de segunda?

 

R.: Sim, em muitas paróquias sim. Apesar de que há muitos católicos heterossexuais que não seguem todos os ensinamentos da igreja (controle de natalidade, divórcio, fecundação in vitro) e muitos que não seguem os ensinamentos básicos do Evangelho (perdoar, cuidar dos pobres, ser amáveis e misericordiosos), contudo, no geral são bem-vindos na paróquia.

 

Quando foi a última vez que a uma pessoa heterossexual não lhe foram dadas as boas-vindas numa paróquia por não ajudar os pobres? E esse é um ensinamento fundamental de Jesus. Contudo, a pessoa LGBT é a única que é chamada de «pecadora». É assim que são tratadas e sentem-se como católicos de segunda classe, quando na realidade, como católicos batizados, fazem tanto parte da igreja como o Papa, o seu bispo ou eu.

 

P.: Oiço muitas pessoas dizerem que as suas palavras causam confusão nos fiéis. Alguma vez viu alguém confuso?

 

R.: A maioria das pessoas que estão confusas com as minhas palavras são aquelas que não escutam, ou não leram os meus livros. Frequentemente condenam-me por coisas que nunca disse e por posições que nunca tomei. Por exemplo, não há nada no meu livro «Construir uma Ponte» que vá contra qualquer ensinamento católico. Foi aprovado pelos meus superiores jesuítas, teve o aval de cardeais, arcebispos e bispos e, inclusive, fui convidado pelo Vaticano para o Encontro Mundial das Famílias.

 

O livro aborda basicamente como tratar as pessoas LGBT com «respeito, compaixão e delicadeza», tal como afirma o Catecismo. E ainda, de forma mais básica, como tratá-las com amor, como disse Jesus. Isso está no cerne dos evangelhos. Porém, os evangelhos também confundem as pessoas.

 

P.: Por último, não posso deixar de perguntar-lhe pelos abusos sexuais de menores. Algumas vozes eclesiais estabelecem um paralelismo entre a sexualidade e a pederastia...

 

R.: Isso é falso e baseado num falso estereotipo. A homossexualidade não leva à pedofilia. Como o sabemos? Não somente através da investigação de psiquiatras, psicólogos e sociólogos, mas também através dos exemplos de muitas pessoas LGBT que não são abusadoras. Para além disso, devemos recordar o exemplo dos muitos sacerdotes homossexuais que vivem com integridade as suas promessas de celibato; e os muitos membros homossexuais de ordens religiosas, tanto homens como mulheres, que vivem com integridade os seus votos de castidade.

 

Certamente, a grande maioria dos casos de abuso foram de homens que se aproveitaram de crianças. Porém, isso não significa que a maioria, ou mesmo muitos, dos sacerdotes homossexuais sejam abusadores. As razões pelas quais não vemos exemplos públicos de sacerdotes gays sãos, celibatários e castos são duas: os seus bispos ou superiores religiosos pedem-lhes que não falem sobre a sua sexualidade e por medo de o fazer em público, no ambiente venenoso no qual vivemos. Portanto, o único exemplo público do sacerdote gay é o abusador. O estereotipo realmente tem que terminar. A homossexualidade não leva à pedofilia.

 

Fonte: Vida Nueva Digital

09 de Maio, 2019

Beijo gay num campo de futebol da Colômbia dá origem a comentários homofóbicos e a uma excelente resposta

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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«Homem e qual é o problema? Deixam os miúdos ser felizes, não estão fazendo mal a ninguém. Além disso o Atlético Nacional é amor, é paixão, é alegria, é família! Isto é a maravilha do futebol! No estádio tod@s são bem-vind@s e cada um@ desfruta à sua maneira!». Com estas palavras, a lenda do futebol colombiano, René Higuita, saiu em defesa de uma imagem que deu a volta por toda a Colômbia: um «beijo gay» entre dois adeptos, durante um jogo do Atlético Nacional, uma das equipas mais importantes daquele país.

 

Comentários como «causam dano à imagem do futebol, que nojo», «o futebol é para homens e mulheres, não para intermédios», ou «LOL bastante maricas!» podem ler-se em resposta ao tweet publicado pelo antigo guarda-redes da seleção. Um pequeno gesto para ele, mas um grande passo contra a homofobia num meio onde, infelizmente, ainda há muito que fazer.

 

Fonte: Shangay.

09 de Maio, 2019

Cardeal Tobin: A linguagem do Catecismo sobre a homossexualidade é «muito infeliz»

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Cardeal Joseph Tobin de Newark modera um painel no Encontro Mundial de Famílias 2018. Créditos: Daniel Ibanez / CNA

 

O arcebispo de Newark afirmou que a linguagem usada pelo Catecismo da Igreja Católica para descrever os atos homossexuais é «muito infeliz», acrescentando que espera que o Catecismo possa vir a usar uma linguagem diferente na sua discussão sobre a homossexualidade.

 

«Penso que a igreja está a ter a sua própria conversa sobre aquilo que a nossa fé quer que façamos e digamos às pessoas envolvidas em relacionamentos que são do mesmo sexo. Aquilo que deveria permanecer sem debate é que somos chamados a acolher essas pessoas,» afirmou o cardeal Joseph Tobin.

 

«Porém como é que se podem acolher pessoas a quem chamamos de «intrinsecamente desordenadas»?», questionou-o Anne Thompson, no programa «Today Show».

 

«Bem eu não lhes chamo «intrinsecamente desordenadas», respondeu Tobin.

 

«Mas isso não faz parte do Catecismo da Igreja Católica?», perguntou-lhe Thompson

 

«Faz,» disse o cardeal Tobin, acrescentando «é uma linguagem muito infeliz. Esperemos que, um dia, essa linguagem seja um pouco menos dolorosa.»

 

O Catecismo da Igreja Católica afirma que os atos homossexuais são «intrinsecamente desordenados», uma frase que igualmente utiliza para descrever outros atos sexuais ensinados pela igreja como sendo imorais.

 

O Catecismo não descreve as pessoas homossexuais, em si, como «intrinsecamente desordenadas,» embora afirme que a inclinação homossexual, conjuntamente com outras inclinações sexuais para o pecado, é «objetivamente desordenada.»

 

Num parágrafo anterior, o Catecismo afirma que «o prazer sexual é moralmente desordenado quando procurado só por si, isolado das suas finalidades procriativas e unitivas.»

 

O Catecismo acrescenta ainda que «homens e mulheres que têm tendências sexuais profundamente enraizadas... devem ser aceitas com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.»

 

O cardeal Tobin referiu o livro de 2017 «Construindo uma Ponte», do Pe. James Martin, SJ, que igualmente instou a igreja a alterar a linguagem com a qual discute a homossexualidade.

 

Sobre o livro, o cardeal Tobin afirmou que «em demasiados sítios na nossa igreja, tem-se feito as pessoas não se sentirem bem-vindas, excluídas e, mesmo, envergonhadas. O novo, bravo, profético e inspirador livro do Pe. Martin marca um passo essencial ao convidar os responsáveis da igreja a ministrarem com maior compaixão e ao recordar às pessoas católicas LGBT que fazem tanto parte da nossa igreja como qualquer outr@ católic@.»

 

Fonte: Catholic News Agency

03 de Maio, 2019

Pete Buttigieg e Companheiro Fazem História na Capa da Revista TIME

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Serão Pete e Chasten o primeiro casal do mesmo sexo a habitar a Casa Branca (EUA)? Uma nova capa da revista Time mergulha nesta questão.

 

O candidato presidencial Pete Buttigieg e o companheiro Chasten fazem uma aparição história esta semana na capa da revista Time.

 

A revista colocou online a capa da sua edição impressa de 12 de maio, com o casal a surgir sob o título «Primeira Família». A sua aparição como dois homens juntos marca a primeira vez em que um candidato presidencial aparece na capa da revista ao lado do seu cônjuge do mesmo sexo.

 

O título em destaque da história, «O Presidente de Câmara Pete Buttigieg: Campanha Presidencial Pouco Provável, Nunca antes Testada, Sem Precedentes», centra-se na ascensão de Pete Buttigieg desde a obscuridade a candidato da primeira linha.

 

Retrata mesmo um momento, agora infame, da campanha quando um manifestante vestido com uma roupa de diabo, descrito como sendo o homófobo Randall Terry, que apupou Buttigieg durante uma angariação de fundos.

 

«Nunca houve um homossexual sobre a qual se possa afirma: Estou orgulhoso dele. Ele é a pessoa certa,» afirmou Terry. «É por isso que ele é uma grande ameaça.»

 

O próprio Buttigieg apresenta uma estratégia de campanha de vender sinceramente ideias progressistas aos eleitores. E continua a sua mensagem de querer «alcançar» todos os americanos na esperança de mudar mentalidades.

 

«O papel da política é convocar o bem e afastar o mal», afirmou Buttigieg.

 

Chasten também desempenha um papel importante no destaque, contando a história de como os dois homens cresceram no centro-oeste americano conservador.

 

«Ser-se gay não era culturalmente aceitável onde eu cresci, principalmente devido a uma falta de conhecimento,» disse Chasten à Time.

 

Fonte: Advocate