Prelado polaco critica ataques, mas apoiantes LGBT não estão satisfeitos
Um arcebispo polaco condenou os ataques à marcha de orgulho gay realizados por manifestantes que afirmaram estar a defender a sua catedral.
Algumas pessoas, contudo, afirmaram que as suas palavras eram poucas, proferidas demasiado tarde e que as suas observações anteriores incitavam à violência contra a comunidade LGBT.
«Atos de violência e escárnio são incompatíveis com a atitude de um cristão e discípulo de Cristo», afirmou o arcebispo de Bialystok, Tadeusz Wojda, a 22 de julho. «Ao mesmo tempo, encorajo a oração e o desvelo pela família e pela sua pureza interna, de modo que as nossas famílias, alicerçadas em Deus, possam dar um exemplo de amor maravilhoso a exemplo da Sagrada Família. Estes últimos incidentes demonstram que ainda temos muito que fazer.»
O arcebispo emitiu a sua breve declaração na sequência das violentas reações a uma «Marcha da Igualdade», realizada a 20 de julho, na cidade. Alguns manifestantes e, pelo menos, 20 contramanifestantes foram detidos.
Uma comentadora do diário polaco Gazeta Wyborcza, Agnieszka Sadowska, acusou Wojda de «abençoar o ódio» e afirmou que a sua mensagem anterior, apelando aos católicos para resistirem «à depravação da juventude», tinha sido «uma vergonha».
Na sua mensagem pastoral de 7 de julho passado, Wojda disse aos católicos e católicas que os defensores LGBT tinham «insultado os valores cristãos, profanado símbolos sagrados e vociferado blasfémias contra Deus», acrescentando que a Marcha da Igualdade era «uma iniciativa estranha à nossa terra e sociedade» e «um ato de discriminação contra os católicos e católicas».
«O Evangelho ensina respeito e amor por todas as pessoas e tentamos seguir este ensinamento - mas não podemos aceitar o ridicularizar da nossa fé e a depravação da nossa juventude», afirmou o arcebispo.
Anna Bryjanska, uma defensora dos direitos iguais para as pessoas LGBT em Varsóvia afirmou que o arcebispo instigou «os fiéis à violência contra as pessoas LGBT» e afirmou que temia as consequências se este «incitamento de duas caras» continuasse.
«Havia uma atmosfera pogrom em Bialystok - se a polícia não tivesse estado lá em força, algo de verdadeiramente terrível poderia ter acontecido», disse ela ao Catholic News Service, a 24 de julho. «Quando o resultado foi as pessoas terem sido agredidas e feridas, os bispos católicos lavaram as suas mãos através de declarações banais sobre oposição à violência».
A polícia usou granadas de fumo e gás pimenta para evitar que vários milhares de contramanifestantes agressivos alcançassem a marcha com mais de 1 km e onde seguiam cerca de 800 manifestantes LGBT de toda a Polónia.
Os noticiários das televisões mostraram manifestantes atirando garrafas, pedras e cuspindo sobre os manifestantes no exterior da catedral de Bialystok, enquanto entoavam «Deus, honra, pátria» e «Bialystok livre de pervertidos». A cobertura pelos media destacou igualmente as reações dos representantes do governo, incluindo do primeiro-ministo polaco Mateusz Morawiecki, que afirmou que a Polónia deveria fornecer «um lugar para todos e todas».
Numa declaração de 21 de julho, o porta-voz da conferência episcopal polaca, Fr. Pawel Rytel-Andrianik, afirmou que a igreja católica continuaria a pregar contra o «pecado mortal» da homossexualidade, ao mesmo tempo em que «desaprova inequivocamente» quaisquer atos de agressão.
Os grupos LGBT têm-se queixado frequentemente de discriminação na Polónia, onde a igreja católica tem rejeitado pedidos reiterados de um serviço pastoral para os homossexuais; tem-se oposto às uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo e tem apoiado o despedimento de elementos LGBT do pessoal das escolas católicas.
O arcebispo Stanislaw Gadecki, presidente da conferência episcopal polaca disse ao semanário católico Niedziela, no dia 21 de julho, que manifestações anteriores incluíram paródias às imagens da Virgem Maria e aos símbolos cristãos, em Czestochowa, Cracóvia e noutras cidades, sugerindo que aqueles e aquelas que exigem tolerância incitaram frequentemente «ao ódio para com a igreja e o seu clero» e transformaram as suas manifestações em lugares «de flagrante intolerância, apresentações obscenas e um desprezo pelo cristianismo».
Acrescentou ainda que as recentes revelações sobre o abuso sexual de crianças por padres católicos estavam a ser «utilizadas para ataques contra a igreja com o objetivo destruir a sua credibilidade moral» enquanto «última voz na sociedade que não se compromete com as tendências contemporâneas de ausência de moral».
Fonte: National Catholic Reporter