Irá o Sínodo escutar os católicos e católicas LGBTQ?
Quando o Sínodo dos Bispos começa a escutar, será que a Igreja irá escutar toda a gente, ou somente as vozes a que já estamos habituados a ouvir?
Irá o Sínodo escutar as pessoas LGBTQ?
O Papa Francisco perguntou na sua homilia do passado domingo: «Somos bons a escutar? Como está de saúde o "escutar" do nosso coração? Deixamos que as pessoas se exprimam, que caminhem na fé mesmo que tenham tido dificuldades na vid e que sejam parte da vida da comunidade sem serem postas de lado, rejeitadas ou julgadas?»
Quem é mais «posto de lado, rejeitado ou julgado» na igreja do que as pessoas LGBTQ?
As pessoas LGBTQ encontram-se entre os mais perseguidos e as pessoas em perigo no mundo. Em 70 países ser simplesmente gay é um crime e as perseguições, os espancamentos e a violência são comuns em muitos mais lugares.
Algumas vezes as pessoas LGBTQ são obrigadas a fugir dos seus países natais devido à violência dirigida contra elas, um fenómeno detalhada no novo livro de Mark Gevisser «The Pink Line» (A Linha Rosa). Então, em campos de refugiados, são perseguidos e espancados, como aconteceu no Kakuma Camp, no Quénia.
Para estas pessoas a situação é particularmente grave em muitas partes da África subsariana, da Europa de Leste e do sudoeste asiático, onde a violência é comum, frequentemente fomentada pelos líderes políticos.
Em 10 países pode ser-se executado por estar-se envolvido em relacionamentos do mesmo sexo. Logo, em muitos países os assuntos LGBTQ são questões de vida.
Nalguns outros lugares, a igreja tomou partido com as leis repressivas.
No mundo ocidental, para além da violência e dos crimes de ódio, as pessoas LGBTQ, particularmente os jovens, encontram-se em maior risco de suicídio e de serem sem-abrigo, frequentemente em resultado de serem expulsos pelas respetivas famílias devido a «motivações religiosas.»
Na sua própria igreja somente falam deles somente, antes de mais, na linguagem do pecado, quando todos e todas somos pecadores e pecadoras. As pessoas LGBTQ são apontadas pelos bispos; insultadas pelos pastores; despedidas dos seus empregos; e as suas famílias (pais, irmãos, irmãs) também não os fazem sentir-se acolhidos...
São os leprosos da igreja.
Irá o Sínodo escutar os católicos e as católicas LGBTQ? Que mecanismos permitirão estas vozes, tão frequentemente ignoradas, serem escutadas no processo sinodal? Como é que estas vozes LGBTQ estão sendo procuradas? Há um lugar para elas no Sínodo? Na sua própria igreja?
Como diz o Papa Francisco: «O Espírito pede-nos que escutemos as perguntas, preocupações e esperanças de cada Igreja, povo e nação. E escutar o mundo, os desafios e as mudanças que ele coloca perante nós.»
Escutar «todas as pessoas» significa escutar as pessoas LGBTQ.
Fr. James Martins, SJ