NOTA DE IMPRENSA 01-2011: Rumos Novos – Grupo Homossexual Católico lamenta a visão da sexualidade veiculada pela Ordem dos Médicos
Rumos Novos – Grupo Homossexual Católico lamenta a visão da sexualidade veiculada pela Ordem dos Médicos
Na edição de Janeiro da sua «Revista da Ordem dos Médicos», agora vinda a público, num dos artigos é recuperado o discurso ultrapassado, homofóbico e ilegal de que «a sociedade… classifica os seres com essas alterações aberrantes de homossexuais».
ÉVORA/LISBOA, 21 de Fevereiro de 2011 – O Rumos Novos - Grupo Homossexual Católico expressa a sua mais veemente repulsa pelas declarações do Dr. William H. Clode, publicadas na última edição da: Revista da Ordem dos Médicos. O conceito verberado em relação à homossexualidade é, antes de mais, um crime previsto e punido pelo artigo 240º do Código Penal, pois injuria um grupo de pessoas, tendo por base a sua orientação sexual e, como tal, deve ser punido, em sede própria.
Não pode a própria Ordem dos Médicos, sair imaculada de todo este processo, pois tendo o dever e, mais, a responsabilidade de exercer um controlo responsável sobre as suas publicações (de modo a não permitir a publicação de matérias em clara contravenção com determinações internacionais e, muito menos, todas aquelas que propalam ao ódio, à injúria e à discriminação) não só não o exerceu, como permitiu que esses impropérios sejam feitos na revista oficial da própria Ordem.
O referido articulista, ao afirmar que «a sociedade… classifica os seres com essas alterações aberrantes de homossexuais» sabe perfeitamente que tal afirmação é destituída de qualquer verdade científica, mesmo no domínio das várias ciências que se debruçam sobre estas questões. Com este tipo de afirmações, mais não pretende o Dr. William H. Clode fazer do que lançar sobre os homossexuais um anátema que julgávamos arredado do século XXI e que os injúria gravemente, tanto em forma como em substância.
As afirmações feitas pelo Dr. William H. Cloude, chocam igualmente (e o Dr. William H. Clode sabe-o muito bem!) com os mais elementares dados das investigações científicas existentes que demonstram, de forma clara, que a homossexualidade não é, nem se encontra associada a, qualquer tipo de patologia.
Igualmente queremos referir que o Conselho de Representantes da Associação Americana de Psicologia, uma referência mundial na sua especialidade que inclui mais de 151 mil pesquisadores, educadores, clínicos, consultores e estudantes, espalhados por todo o mundo, deliberou em 14 de Agosto de 1997, que os psicólogos se devem abster de participar ou condenar práticas discriminatórias contra os homossexuais e que se opõe determinantemente a todas as tentativas de aplicação da chamada terapia reparadora, pelos danos que causa e porque é baseada em ignorância e na aplicação de uma pseudociência.
Já antes, a 17 de Maio de 1990 a Assembleia-Geral da Organização Mundial da Saúde, havia retirado a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, pelo que esta nem sequer figura no DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais), de referência mundial.
De todos estes factos tem conhecimento o articulista. Ao escrever sabia perfeitamente da falta de verdade dos argumentos que utilizou e, mais, que estes constituem crime (pp. art. 240º do CP) perante a legislação portuguesa. Competirá à Ordem dos Médicos a instauração do competente processo disciplinar.
(Pode consultar aqui o excerto do artigo.)