Desde 2014 que cerca de 1300 pessoas LGBTI foram assassinadas na América Latina
Os homicídios ocorreram num «cenário de retrocesso» perante «uma onda conservadora que segue um modelo de sociedade desigual, que exclui e reacionário» na região, assinala a nota da Rede Regional de Informação sobre Violências LGBTI na América Latina e Caribe.
Cerca de 1300 pessoas da comunidade LGBTI foram assassinadas na América Latina entre janeiro de 2014 e junho de 2019, a maior parte delas na Colômbia, México e Honduras, segundo uma informação regional dada a conhecer no passado dia 8 de agosto em El Salvador.
O documento denominado «O preconceito não conhece fronteiras», dá conta de 1292 homicídios de membros do coletivo LGBTI em nove países da América Latina e do Caribe, no referido espaço de tempo.
Os assassinatos ocorreram num «cenário de retrocesso» perante «uma onda conservadora que segue um modelo de sociedade desigual, que exclui e reacionário» na região, assinala a nota da Rede Regional de Informação sobre Violências LGBTI na América Latina e Caribe.
A maioria das mortes violentas destas pessoas concentram-se na Colômbia, México e Honduras, com 1108 casos, que representam 85,7% do total.
As vítimas na sua maioria são homens gays e mulheres trans com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, mas em países como a República Dominicana registam-se homicídios de jovens com mesmo 13 anos de idade.
Na Colômbia, Perú, República Dominicana e Paraguai as vítimas são principalmente assassinadas com um «objeto cortante ou pontiagudo», enquanto que no México, Honduras, Guatemala e El Salvador são utilizadas armas de fogo.
«Apesar destes dados tão alarmantes, os Estados da região continuam sem definir linhas claras e efetivas para prevenir, investigar e sancionar adequadamente a violência contra as pessoas LGBTI», adverte-se no documento, elaborado com dados de diversas organizações sociais.
Acresce que estas mortes «têm impacto de maneira desproporcionada num grupo tradicionalmente excluído» e muitas delas estão motivadas em preconceitos sociais. «A mensagem destas violências é clara: as pessoas LGBTI devem ocultar a sua sexualidade e identidade em troca de permanecerem vivos», sustenta o estudo.
A nota não reflete os dados recolhidos no Brasil, onde as «projeções preliminares» situam em 1650 os assassinatos, com os quais o número de homicídios poderia ultrapassar os 2900.
A situação das mortes violentas de pessoas LGBTI do Brasil será dada a conhecer numa nota posterior e em data ainda a revelar.
Segundo o documento apresentado em São Salvador, o Brasil «é, provavelmente, um dos países que apresenta, na região, maiores retrocessos» em matéria de direitos humanos relativos a este setor da população.
No passado dia 28 de junho, durante a comemoração do 50.º aniversário da Revolta de Stonewall, o governo brasileiro pôs fim ao Conselho Nacional LGBTI.
Uma situação semelhante registou-se em El Salvador com a chegada de Nayib Bukele ao executivo no dia 1 de junho passado, ao eliminar a Secretaria de Inclusão Social, sem a qual «não há aplicação» das políticas em prol da comunidade da diversidade sexual deixadas pela anterior Administração.
Fonte: Público