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Associação RUMOS NOVOS - Católicas e Católicos LGBTQ (Portugal)

Somos católic@s LGBTQ que sentiram a necessidade de juntos fazerem comunhão, partilhando o trabalho e as reflexões das Sagradas Escrituras, caminhando em comunidade à descoberta de Deus revelado a tod@s por Jesus Cristo.

11 de Dezembro, 2014

Sínodo dos Bispos - "Lineamenta" para a XIV Assembleia Geral Ordinária: A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo (4-25 de outubro de 2015)

Rumos Novos - Católic@s LGBTQIA+ em Ação

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Foi já publicado o lineamenta para a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, orientado para a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo, que decorrerá entre 4 e 25 de outubro do próximo ano.

O lineamenta é um texto escrito como preparação para a convocação da próxima assembleia geral de bispos e pretende encorajar os bispos a convidar todos na Igreja a participar para que eles possam discutir e fazer um inventário das necessidades pastorais da Igreja.

Este lineamenta é constituído por um prefácio, que enquadra o surgimento do próprio lineamenta; pelo relatório da última assembleia geral extraordinária do sínodo dos Bispos e por um conjunto de 46 questões destinadas ao aprofundamento do Relatório do Sínodo, que pretendem genericamente dar resposta à questão introdutória: a descrição da realidade da família presente no Relatório do Sínodo corresponde ao que se revela na Igreja e na sociedade de hoje? Quais são os aspetos em falta de podem ser integrados?

As questões referentes diretamente às pessoas de orientação homossexual somente são abordadas em dois momentos do documento: no Relatório do Sínodo e numa das 46 questões finais.

Como é já sabido, no Relatório do Sínodo figura o célebre parágrafo 55, que mais não faz do que reafirmar a doutrina já existente: «Algumas famílias vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com orientação homossexual. A tal propósito, interrogámo-nos sobre qual devia ser a atenção pastoral oportuna perante essa situação, tendo presente o que a Igreja ensina: «Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família». E, do mesmo modo, os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com respeito e delicadeza. «Deve evitar-se para com eles qualquer atitude de injusta discriminação» (Congregação para a Doutrina da Fé, Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, 4)».

Sobre esta questão da atenção pastoral respeitante às pessoas com tendências homossexuais, debruça-se a pergunta 40 do lineamenta, cuja introdução refere que «o cuidado pastoral respeitante às pessoas com tendências homossexuais coloca hoje novos desafios, mesmo originados pelo modo como vêm sendo propostos os seus direitos». Passa depois à questão em si: «Como deve a comunidade cristã voltar a sua atenção pastoral para as famílias que têm no seu seio pessoas com tendência homossexual? Ao mesmo tempo em que se evita em relação a estas pessoas qualquer discriminação injusta, como cuidar das pessoas em tais situações, à luz do Evangelho? Como lhes propor as exigências de vontade de Deus em relação à sua situação?»

Recentemente o Papa Francisco sublinhou que a atenção da Igreja gira sempre em torno da família e, neste caso, das famílias com filhos homossexuais. Em parte alguma se fala de casamento entre pessoas do mesmo ou de outros direitos: aquilo que se pretende saber é o modo como se pode auxiliar pastoralmente as famílias católicas com filhos homossexuais.

Ao focalizar a atenção nas famílias com filhos homossexuais esta mensagem deixa objetiva e propositadamente de fora as pessoas homossexuais.

Por isso, mais do que nunca se torna importante que, em todo o mundo, as organizações que trabalham na pastoral para uma efetiva dignificação das pessoas homossexuais no seio da Igreja desenvolvam um trabalho efetivo ao longo deste tempo de trabalho, dando as mãos com dioceses, paróquias e leigos comprometidos para que todos sejamos um, para que o mundo creia (cfr. Jo 17, 21).

 

José Leote

(Coordenador Nacional RN)